segunda-feira, 14 de março de 2011

Trabalho voluntário: atividade não remuneratória que traz um ganho enorme

Por: Andréa Oliveira (Matéria Publicada no site: www.cinform.com.br)

Já pensou em desenvolver alguma atividade sem receber qualquer recompensa financeira? Se não, um aviso: trabalho voluntário faz bem. E não só para quem é ajudado, mas para quem o realiza. Esse tipo de tarefa traz um retorno muito maior: prazer em ajudar outro ser humano. Mas, acredite, não é nada fácil.

O trabalho voluntário exige desprendimento, dedicação, tempo e, acima de tudo, vontade de ajudar. Por isso, não é uma atividade para todos. Mas aqueles que se dedicam a ela garantem que é satisfação na certa.

É o caso de Maria Laudeci de Mendonça Rezende, que há oito anos encontrou no voluntariado uma nova ocupação. Ela se dedica de segunda a sexta-feira aos idosos do Asilo Rio Branco. No local realiza a ‘papoterapia’, que nada mais é do que bater papo com os idosos.

Outra atividade é levar os internos do asilo para passear. A maioria deles não anda mais e necessitam que os voluntários empurrem as cadeiras de rodas. Além disso, também precisam que os voluntários ajudem na hora do jantar, auxiliando na alimentação dos idosos.

“Leio histórias para eles, conversamos, rimos, brincamos. Tem dia que eu acordo triste, mas quando chego ao asilo é como se tudo fosse esquecido. Os problemas desaparecessem”, conta Maria Laudeci de Mendonça. Segundo ela, quando tem que se ausentar um dia do asilo por conta de uma consulta médica, ou problema de saúde é como se alguma coisa não estivesse bem. “Se não os vejo sinto uma falta tamanha”, revela.

Ela acredita que todo mundo pode ajudar. “Não adianta falar que não tem tempo, a gente arruma tempo para tudo. Posso dizer que esse tempo que passo no asilo só me faz bem. A gente acha que vai ajudar, mas são eles que nos ajudam, com seu sorriso, sua palavra de carinho. Eu amo meus idosos, e eles já fazem parte da minha família, disse Maria.

INSTITUIÇÕES

As entidades sem fins lucrativos precisam e muito de pessoas que possam ajudá-las, doando seu tempo em prol daqueles que necessitam. É o caso da Associação dos Voluntários a Serviço da Oncologia em Sergipe – Avosos –, onde trabalham 140 voluntários.

“O voluntariado na entidade pode atuar de diversas formas, de acordo com cada aptidão. Hoje contamos com voluntários que atuam na cozinha, no coral, na equipe de eventos, nas oficinas, entre outras áreas”, explica Marcela Matos, assessora de comunicação da instituição.

De acordo com Marcela, os voluntários se revezam diariamente na rotina da Casa de Apoio Tia Ruth e no Hospital de Urgência de Sergipe – Huse – levando não só lanche, mas também palavra de conforto para aqueles que estão em tratamento.

É essa palavra de conforto que o aposentado da Petrobras, Abel dos Santos, leva em suas visitas aos idosos do Asilo Rio Branco. Ele faz parte dos 30 voluntários que atuam na entidade, sendo 20 mulheres e 10 homens, cuidando de 43 idosos. Divididos por sexo em duas alas, a feminina composta por 24 mulheres e a masculina contendo 19 homens.

Abel acredita que muitas pessoas colocam os afazeres, os negócios e os prazeres como empecilho na hora de ajudar. “O negócio é não se acomodar, é preciso ajudar. E a gente recebe aquilo que dá. Se demos coisas boas vamos ter o mesmo de retorno. Então não adianta plantar abobora e colher melancia”, acredita.

Para Abel realizar um trabalho voluntário é algo que não beneficia só quem recebe, mas muito mais aquele que faz. E é pensando dessa maneira que o aposentado também é voluntário no Hospital Cirurgia dois dias na semana. “Todo dia estou no asilo, e nas terças e quartas antes de ir vê os idosos passo no hospital”, conta.

Enquanto Maria Laudeci se dedica a cuidar da ala dos homens no Asilo Rio Branco, Abel se dedica mais a ala das mulheres. “A gente vai se afinando com as criaturas e quando a gente não os vê sente uma falta. Eu converso, leio o evangelho, ajudo na comida e coloco na cama”, explica Abel.

CAPACITAÇÃO

Mas em algumas instituições, não adianta só ter vontade e tempo de ajudar, é preciso se especializar. Para isso, as entidades realizam curso para profissionalizar o trabalho realizado, a fim de garantir um melhor atendimento ao paciente.

Por isso, a assistente social Michelline Figueiredo Franco, que trabalha no Asilo Rio Branco, enfatiza a importância do aprimoramento dos voluntários que atuam na entidade. “Realizamos o curso de Cuidador de Idosos, que prepara a pessoa para lidar com o idoso, ensinando como levantá-lo, sentá-lo e também na forma de alimentá-los”, conta.

Os cursos são ministrados por terapeutas, geriatras e equipes do Corpo de Bombeiro, e são feitos a depender da necessidade, quando aparecem voluntários as turmas são abertas e eles recebem a capacitação, que permite com que o trabalho que irão desenvolver seja uma atividade que realmente ajude o idoso. “Porque é necessário ter cuidado na hora de levantar, se não souberem como fazer pode até acabar causando um problema”, avalia.

Mas os voluntários não substituem a necessidade de uma equipe técnica. Por isso as instituições devem possuir em seu quadro profissionais de diversas áreas. “Nossa equipe técnica é composta por enfermeiras, auxiliar de enfermagem, psicólogas, nutricionistas e pela equipe de serviços gerais”, conta Michelline Figueiredo.

Então o voluntário vem para somar nas entidades filantrópicas. Vem para agregar esforços em prol do bem estar do outro, e não para substituir os profissionais que devem atuar nas instituições.

O trabalho voluntário é feito sem recebimento de qualquer remuneração ou lucro, então isso sem dúvida permite que as entidades ajudem um maior número de pessoas. “Sem eles seria difícil, porque eles observam de perto os idosos, nos contam as suas necessidades e com isso melhoramos o atendimento”, avalia Michelline.

CARTEIRA DE VOLUNTÁRIO

Antes que a pessoa receba a carteirinha de voluntario é preciso que ela demonstre frequência. “Observamos se há interesse mesmo em ajudar, se existiu afinidade entre a pessoa e os idosos, e só depois consideramos essa pessoa um voluntário da instituição. Porque muitas pessoas realizam visitas esporádicas, sem vínculo, e os 30 voluntários que temos atuam diariamente no trabalho com os idosos”, explica Michelline Figueiredo, assistente social do asilo.

Embora esses exemplos sejam verdadeiras lições de vida, há muito mais necessitados de ajuda do que pessoas dispostas a ajudar. Então, adote o trabalho voluntário também. Conheça a sensação única e indescritível de doar o melhor de si para ajudar o próximo. Sem dúvida, vale a pena.

Nenhum comentário: