segunda-feira, 14 de março de 2011

Faça a diferença, seja um doador em vida

Por: Andréa OLiveira (Matéria Publicada no site: www.cinform.com.br)

Existe um tipo de doação muito simples e pouco conhecida pelos sergipanos, a doação da medula óssea. Qualquer pessoa que não tenha uma doença infectocontagiosa pode ser doadora de medula. O individuo precisa ter entre 18 e 55 anos e ir até o Hemose para coletar 10 ml de sangue, preencher um formulário de inscrição e entregar uma foto 3x4.

No Hemose a coleta para ser doador de medula acontece na segunda e terça-feira, das 7h às 17h. De acordo com a assistente social da instituição, Andreza Ribeiro, o motivo da coleta acontecer só nesses dois dias se deve ao fato de ter que enviar o sangue coletado na quarta-feira para que seja feita a análise em um laboratório em Recife/ Pernambuco.

“Após o envio da coleta, é feito em Recife o exame de histocompatibilidade (HLA), onde é feita a análise das características genéticas. Em seguida o doador e seus dados pessoais são cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea – Redome –, que é um cadastro nacional de doadores de medula”, explica Andreza Ribeiro. Esse cadastro foi feito pelo Instituto do Câncer – Inca – localizado no Rio de Janeiro.

O que esse cadastro significa? Que no dias em que um paciente com leucemia necessitar do tratamento com medula óssea, seu médico vai acessar o cadastro do Redome para encontrar alguém compatível para realizar a doação da medula. Ou seja, em caso de compatibilidade, o Registro Nacional de Doadores de Medula entra em contato com o possível doador da medula e o convoca a realizar uma bateria de exames, para vê se a pessoa tem condições clínicas de doar a medula.

Por isso é importante que o doador mantenha sempre seu cadastro atualizado, para que seja rapidamente localizado em caso de compatibilidade. Depois da realização dos exames, os médicos chegam à conclusão se o doador é adequado ou não para o paciente com leucemia. Em caso positivo, o Sistema Único de Saúde – SUS – custeia a viagem do doador para o local onde será realizado o procedimento de retirada da medula.

Mas, caso o doador não queira mais realizar o procedimento, ele tem o direito de se recusar a fazê-lo. Basta dizer que não quer. Por isso, é de suma importância que na hora de preencher a ficha de cadastro no Hemose, o doador tenha a consciência de que seu gesto é um ato de amor ao próximo e que na hora do vamos ver não volte atrás.

PROCEDIMENTO DE COLETA DE MEDULA

Existem dois tipos de procedimento para retirada da medula: uma por punção direta da medula óssea e a outra por filtração de células-mãe que passam pelas veias (aférese).

A punção direta da medula é realizada com agulha, na região da nádega e retira-se uma quantidade de “tutano” (medula) equivalente a uma bolsa de sangue. Durante essa retirada o doador recebe uma anestesia e o procedimento dura 40 minutos. O doador fica sob observação durante 24 horas, em seguida pode retornar as suas atividades. E a sensação do doador é que ele recebeu uma injeção oleosa. O procedimento não deixa cicatriz, apenas uma marca de três a cinco furos de agulha.

Já a coleta pela veia é feita pela máquina de aférese. Para esse procedimento o doador passa a receber durante cinco dias um medicamento para estimular a proliferação das células mãe. As células mãe migram da medula para as veias e são filtradas. Esse processo de filtração dura aproximadamente quatro horas, até que se obtenha o número adequado de células.

O efeito colateral do doador que realiza a punção direta da medula óssea é somente o risco de se submeter à anestesia. E no caso da filtração de células-mãe, o único efeito colateral do medicamento é que ele pode dar uma dor no corpo, como uma gripe. Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.


COMO É FEITO O RECEBIMENTO DA MEDULA OSSÉA

O paciente com leucemia recebe a medula óssea como se estivesse realizando uma transfusão de sangue. “Foi super tranquilo, eu estava com medo de como seria, mas foi como se eu estivesse recebendo uma doação de sangue”, recorda Daniela Lima do Nascimento, que recebeu há mais de dois anos a medula da irmã.

Daniela descobriu que tinha leucemia no ano de 2007, recebeu inúmeras transfusões de sangue, realizou várias sessões de quimioterapia foi internada três vezes. Em uma delas passou mais de um mês no hospital. Meses depois os médicos solicitaram que alguns familiares da jovem (pai, mãe e dois irmãos) realizassem os exames de compatibilidade para doação de medula.

“A única que foi compatível 100% foi minha irmã Marcela Lima”, conta. Após encontrar um doador compatível, Daniela e Marcela foram para Recife onde realizaram os procedimentos. “Deu tudo certo e hoje aos 32 anos estou sadia. Venho ao Hospital de Urgência de Sergipe só para fazer exames de rotina”, alegra-se Daniela.

É importante salientar que o Brasil tem o maior programa público de transplantes do mundo. No país 92% dos transplantes de órgãos são financiados pelo Sistema Único de Saúde – SUS. E a viagem da jovem foi toda bancada pelo SUS, é o chamado tratamento fora do domicílio, que bancou as viagens e a alimentação.

Outro caso em que a doação será realizada por um irmão, é o da garota Joyce Pereira Fontes, 10. Há um ano a menina descobriu que tinha leucemia. A doação vai acontecer em breve na cidade de São Paulo. “Minha filha já fez várias quimioterapias, recebeu sangue, plaquetas, plasma e graças a Deus vai realizar a medula do irmão José Fontes, que tem 12 anos”, agradece Geane Pereira dos Santos. A espera agora é só pelos recursos que já foram solicitados para a viagem.

De cada 100 mil cadastrados, as Centrais de Transplantes só conseguem um doador compatível dentre aqueles que não são parentes do paciente. É importante ressaltar que 90 dias após a doação, a medula já está íntegra novamente.

Para entrar em contato com a Central de Transplante de Sergipe é só telefonar para o 3259-3491 / 3216-2870. E o númedo do Hemose é 3259-3191.

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